quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Liceu Sá de Miranda a Centro Cultural de Braga


A cidade de Braga, mais antiga que a Sé de Braga, atravessou épocas de ouro, guerras, conflitos. Terra de Celtas, civilizada por Romanos, foi a primeira capital feudal e capital do primeiro reino feudal no mundo, reduzida às cinzas pelos mouros, reerguida pelos cristãos, adormecida, inovadora ao criar as primeiras escolas gratuitas do país e a primeira escola de cirurgia do país, barroca, provinciana, estranha, perdida,... cheia de história, tantas historias de contar, cheia de costumes e tradição, saborosa, e tantas coisas mais! Mas, infelizmente, não possui uma estrutura digna a albergar todo esse espólio, que proteja essa identidade e a dinamize, que mostre aos bracarenses de onde vieram e o que são. Precisamos de um centro cultural à altura de Braga.
O centro cultural nasce da necessidade de reunir a cultura bracarense num único local e dinamiza-la e potencia-la ao máximo para usufruto dos bracarenses e do mundo. Não se trata de um espaço que compete com o Theatro Circo ou o museu D. Diogo de Sousa, mas sim complementa-los e ser a estrutura principal para aquelas artes culturais que ainda não possuem infraestruturas próprias. O centro obrigatoriamente deverá possuir:
  • O Museu de Braga onde se pode visualizar a história da cidade através de variadíssimas peças que relatam a evolução da cidade, a etnografia e folclore do povo bracarense, e as peças que não se enquadram nos restantes museus temáticos da cidade.
  • Museu da Ciência é um museu composto essencialmente pelo espólio produzido e herdado ao longo dos anos do Liceu Sá de Miranda. Como antigo aluno do Sá de Miranda conheço parte desse enorme espólio de fazer inveja a alguns museus de ciência que existem por esse mundo fora. Aliás o Liceu Sá de Miranda é conhecido pela Escola Museu. Deverá complementar o Centro de Ciência Viva a instalar no Instituto Ibérico, e poderá, através de um protocolo, albergar o espólio que a Universidade do Minho vai produzindo, ou alguns exemplares de material ultrapassado (computadores, microscópios, máquinas, etc). Não é um mero museu da ciência, é o museu da nossa ciência.
  • Espaços para exposições onde os artistas bracarenses, ou não, se podem mostrar à cidade.
  • Auditórios médios e salas onde se poderam realizar conferências, workshops, congressos, reuniões, espectáculos, cinema, entre outros.
  • Teatro será o auditório principal, especialmente dedicado ao mundo do espectáculo (teatro, música, dança, ópera, etc).
  • Espaço Cénico e Musical são salas dedicados aos grupos cénicos (companhias de teatro, companhias de bailado, folclore, etc) e bandas de músicas que não possuam infraestruturas próprias para os seus ensaios. O cidadão poderá neste espaço ver e aprender a história e a arte na cidade e no mundo.
  • Espaço artesanal e Artes plásticas, é um local, com vários ateliês onde se mostra, estuda e ensina estas artes. Escultura, arte têxtil, ourivesaria, marcenaria, pintura, desenho, entre muitos outros, são as artes que aqui se enquadram. Poderá também albergar a associação dos artesãos de Braga ou Minho.
  • Biblioteca, é uma biblioteca geral, mas que alberga todas as publicações de Braga e de todos os escritores bracarenses. É um local onde também os escritores podem fazer a apresentação do seu livro. A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva é um bom exemplo a seguir.
  • Espaço gastronómico, é onde se situa os bares e o restaurante, que tem como ofertas principais os pratos típicos da cidade e região. Um centro gastronómico, onde se ensina os segredos da culinária, especialmente os da região.
  • Espaço Entretenimento e Passatempos: computadores, jogos de tabuleiro, vídeo, espaço coleccionadores, Humor, etc são actividades onde as crianças, jovens, adultos e idosos podem participar indiscriminadamente nos seus tempos livres.
  • Jardins e um pequeno parque
  • Praça interior: amplo espaço onde as pessoas podem circular livremente e apto para a realização de actividades ao ar livre.
  • Espaço turismo e interpretativo da cidade, é um espaço semelhante ao actual posto de turismo da Avenida Central, é a porta de entrada para o turista em Braga.
  • Mais espaços poderam ser equacionados.
Os espaços Cénico e Musical, Artesanal e Artes Plásticas e gastronómico são espaços maioritariamente ocupados por entidades privadas. Cabe no entanto a dinamização dos espaços ao Centro Cultural.

Uma estrutura desta envergadura não deverá ser executada e mantida apenas pela Câmara Municipal, as instituições bracarenses e o Ministério da Cultura também terão que dar o seu contributo. O Centro Cultural de Braga deverá ser uma fundação.

O centro cultural necessitará de um grande edifício, e de preferência perto do centro da cidade. A construção de raiz é demasiado cara, e sendo no centro poderá danificar património já existente. O único edifício suficientemente grande, propriedade do estado, apto para receber este centro, na minha opinião, é a Escola Secundária Sá de Miranda. Não só pela dimensão, mas também pelo que ela representa para a maioria das gerações dos bracarenses, que ali realizaram o liceu.


O Liceu Sá de Miranda, oficialmente Escola Secundária Sá de Miranda, é a herdeira da vasta cultura estudantil bracarense, é um marco da cidade. Os edifícios que possui oferecem espaço suficiente para albergar este projecto. A zona central, campo de futebol, seria transformado na praça central, a praça da cultura. A quinta, que alberga algumas árvores de valor biológico seria transformado num pequeno parque, e na zona dos antigos campos um jardim apto para as conversas de jardim. Mas existe sempre as perdas, neste caso o valor sentimental do que esta escola representa para os bracarenses. A escola em si seria reconstruida n'outro local, apta para o ensino do século XXI. Neste momento a escola sofre uma transformação de pessoal, grande parte dos docentes e empregados estão a atingir a idade da reforma. É a altura ideal para uma transformação de fundo. O próprio edifico necessita obras de fundo, levando ao enceramento temporário da escola, indo sobrelotar ainda mais as restantes escolas secundárias bracarenses. Se construi-se uma nova escola Sá de Miranda, e quando pronta, no ano lectivo seguinte transferia-se a população estudantil para a nova, o impacto externo seria reduzido.

Mais ideias e localizações do centro aceitam-se.